“A arte é quase tão antiga quanto o homem”, Fischer (1987, p.20)
Tendo sido a arte desde os tempos mais remotos meio de expressão de crenças, necessidades, medos, desejos ou sonhos e de compreensão da relação do homem com o seu meio, a sua sociabilidade e o seu eu, enquanto individuo em construção, em descobrimento, em perceção de si, é fácil concluir a sua função social e individual como ferramenta para a expressão e compreensão do todo que envolve o ser humano.
Durante os tempos, muitos movimentos nasceram com as suas conceções sobre o que é ou deve ser a arte. Do formalismo russo à arte conceptual, ou movimentos anteriores como o romantismo, o barroco ou o neoclassicismo, todos se empenharam em produzir conteúdos artísticos que ajudaram a elevar o homem e a conformar diferentes aspetos da sua existência.
Quando a arte se tornou independente de instituições, tópoi ou patronos, desdobrou-se numa diversidade de temas, formas, materiais e usos. Movimentos quase autónomos que compõem uma palete de tudo o que a arte pode ser e sabemos hoje poder ser, consoante a função em que se insere e do interlocutor a que se apresenta, bem como do contexto onde está inserida.
E se a arte se fechar em si? No século XVIII, a teoria e movimento Ars Gratia Artis tinha como finalidade para a arte a mesma não possuir nenhuma. Apesar de se ter tornado esteticismo, a fruição da obra em si, mesmo sendo impossível um não diálogo, sacraliza o objeto da arte que prescinde de uma atuação no real, no sujeito, na sociedade.
Mas pode a arte, o objeto artístico, a obra, ter de facto um papel onde beneficia de quem dela usufrui? A arte, a cultura e a educação têm uma importância vital no desenvolvimento humano, no aperfeiçoamento da sensibilidade, na compreensão do mundo e dos mundos plurais da nossa sociedade, útil ao desenvolvimento de aspetos cognitivos, linguísticos e sociais, fonte de bem-estar e saúde. Numa altura em que médicos prescrevem arte, cultura, livros, teatro para as maleitas pessoais e sociais da atualidade.
Para além do conhecimento como objeto de estudo, proporciona quer a nível individual quer coletivo num fator de unificação, de esclarecimento, de enriquecimento e com potencialidades de intervir e transformar tanto a vida de um indivíduo, um grupo ou uma sociedade na sua complexidade, heterogeneidade, diversidade e multiplicidade.